Originada do desejo de seu fundador, o genial Henry Ford, de fabricar um automóvel  para as massas, a empresa foi responsável por criar o primeiro automóvel realmente  voltado para a classe média e o operariado americanos. Esse veículo, o famoso  Modelo T, vendeu de 1908 a 1927 a marca de 15.007.003 unidades e representava  em 1920 mais da metade dos automóveis em circulação pelo mundo www.media.ford.com.

 Foi o primeiro carro popular mundial e sua marca de vendas  ainda é estonteante. Como uma empresa, com esse significado na história e na  engenharia de produção, abandona seu princípio de fabricar carros acessíveis ao  público? O próprio ícone da empresa, o Ford Mustang lançado em Abril de 1964, foi o  primeiro carro esportivo americano feito para ser acessível aos jovens pelo seu baixo  preço.  

A Ford Motor começou a atuar no país em 1919 com o nome Ford do Brasil,  importando veículos de sua sede nos EUA. Nessas décadas, teve como principais  sucessos a pick-up Ford 1952, o Ford Corcel, o luxuoso Ford Galaxy, o legendário  Escort e, mais recentemente, o Ford KA e a pick-up Ranger. Consumidores satisfeitos  com seus produtos, milhares eram fiéis à marca.  

A infeliz maneira como a empresa saiu do Brasil é uma lição da falta de boas práticas  de Marketing. Abandonando seus consumidores à própria sorte, tendo nas mãos  veículos desvalorizados, a companhia foi embora sem nenhum agradecimento aos  consumidores brasileiros em campanhas veiculadas na grande mídia. Sem sequer um  até breve, a empresa mostrou sua verdadeira alma de total desconsideração com o  consumidor, do qual se valeu até quando foi de seu interesse. Será por gerações uma  marca queimada no país, ainda mais com tantos concorrentes disputando um mercado  que, sendo de pessoas de alto poder aquisitivo, tem um número bem restrito. Construir  uma marca pode levar décadas, mas gestores ineficazes e com a arrogância do  sucesso do passado, podem destruir uma marca rapidamente. Quando os chineses  vierem para ocupar o mercado e os consumidores não mais atendidos pela Ford (e  possivelmente por outros fabricantes) comprarem seus veículos em números  expressivos, a empresa poderá se lembrar do anti marketing por ela praticado, será?  

Então, você compraria um veículo da Ford no futuro? Você ainda confiaria?  

Autor: Marco Antonio Costa de Freitas (Mestre em marketing e estratégia. Professor da  Faculdade Promove) 

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